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"Será que vai consumir muito?"

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Na contramão da expansão do uso de materiais descartáveis, vemos iniciativas legislativas e do setor privado que pretendem reduzir essa forma de consumo.

 

Somadas a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) e a Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), temos cinco projetos de lei que discutem a redução de materiais plásticos. Um deles, Projeto de Lei nº 366/2018, é do vereador Iraguassu Filho (PDT), que visa proibir a circulação de canudos plásticos em estabelecimentos comerciais.

 

O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, além da Comissão de Meio Ambiente e está pronto para ser votado no plenário da CMFor. Caso aprovado, a ideia se transforma em lei após a sanção do Prefeito Roberto Cláudio.

 

Iraguassu explica que a proibição dos canudos é um pontapé para que os demais tipos de plásticos também sejam alvos de medidas legislativas. O vereador destaca que esse é um material que impacta negativamente distintas espécies da vida marinha, como golfinhos e tartarugas, devido à geração de microplásticos, que acabam absorvendo produtos tóxicos e entram na cadeia alimentar dos animais.

 

“A nossa ideia foi ver como o município pode ajudar nesse ponto da produção excessiva de plástico. Em relação ao canudo, há uma falta de necessidade no dia a dia das pessoas, muitas o usam só porque ele está ali. Então a lei entra nessa questão, de trazer mais responsabilidade ambiental aos consumidores”, argumenta.

 

Ele ainda ressalta que a CMFor tem se apresentado bem favorável ao Projeto de Lei apresentado e outros vereadores também se articulam para contemplar a causa ambiental em suas atividades.  O presidente da casa, Antônio Henrique (PDT), iniciou o processo para a adoção da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), programa do Ministério do Meio Ambiente que busca estimular os órgãos públicos do país a implementarem práticas de sustentabilidade.

 

A redução da produção de lixo precisa ser feita a partir da prática. Os valores são comumente difundidos, sustentabilidade é um dos assuntos do momento, mas será que a questão sai da oralidade e traz ações reais em Fortaleza? No que depender de Daniel Carvalho, sim. O empreendedor é sócio do restaurante “Cora - alimentação saudável”, localizado no bairro Aldeota. O estabelecimento tem como cultura a alimentação saudável e a redução de produção de lixo.

Hamburguer do Cora_Prancheta 1.png

Daniel Carvalho ressalta que alguns valores são base e a empresa “não abre mão”. Ainda que não seja uma cultura comumente definida de forma massiva em Fortaleza, a ideia é criar um engajamento, ser um canal de transformação para que as pessoas se tornem mais sustentáveis.

 

“A partir daí elas vão reparar que por causa de R$ 2, ou R$ 3 é melhor colaborar com os caras que estão ajudando o planeta. Quem se identifica com isso é nosso perfil, é nosso público-alvo, é o que a gente quer. Quem não quer, paciência, quem sabe um dia ela se conscientiza e vem nos procurar”, projeta Carvalho.

A armadilha de quem trabalha com questões radicais em estabelecimentos é a possível perda de público no local. A fidelidade fica por conta de um nicho específico, daqueles que coincidem pensamentos com a política do estabelecimento. No caso do Cora, quem preza pela sustentabilidade na produção de resíduos ou por um estilo de vida mais saudável.

 

Para Daniel, essa redução de público-alvo não é um problema. “A ideia é essa, atingir um nicho que se identifica. Eu não gosto muito do ‘nicho do nicho do nicho’, quando você atinge um público muito específico, vai terminar que você não vai vender. Ainda assim, quanto mais ‘nichado’ melhor, você consegue cobrar melhor, você consegue fazer tudo”, pondera.

 

A fidelidade de um público, por menor que ele seja, é um dos pontos que seguram o estabelecimento de pé, principalmente os de pequeno porte, que contam com os consumidores, não só para comprar, mas para divulgar o local, como afirma o empresário.

 

“Quem estão certificando as empresas hoje são os próprios clientes, as redes sociais estão aí e as coisas tem que ser cada dia mais transparentes.”

 

Essa clareza, enquanto exercida na prática, passada aos clientes é ponto chave para as empresas que adotam o marketing verde, ou seja, levantam a bandeira da sustentabilidade. Daniel garante que, se a sustentabilidade ficar só na teoria, o retorno será comprometido.

 

“Eu acredito que cada vez mais vai aumentar essa relação que o cliente vai chegar e dizer: ‘beleza,  colocou aí que a empresa é ambiental e sustentável, mas deixa eu ir lá olhar’. Empresas que usarem esse apelo só para vender estão fadadas ao insucesso. Quando a pessoa vê que não tem sustentabilidade, todo esse marketing verde cai.”

E depois do consumo?

 

“Nós até podemos conseguir reduzir a quantidade de resíduos de nós geramos a partir de uma certa educação ambiental, com mudanças de hábito. Mas nunca deixaremos de ser consumidores e, a partir disso, temos muitas ações a serem feitas na gestão desses materiais descartados.”

 

Essa é a visão que Ronaldo Steffanuti, professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), construiu após visitar cidades, tanto no Brasil como no exterior, que conseguem ter um bom planejamento do destino de lixo. Para o especialista, três polos são fundamentais para o sucesso nesse aspecto: as universidades, o cidadão comum e o gestor público.

 

Esses três pontos convergem para um objetivo central: a correta separação do lixo e o destino final adequado, no qual os resíduos com valor econômico rentável sejam direcionados para processos de reciclagem, como as cooperativas de catadores. Entre esses materiais estão garrafas PET, latinhas de alumínio, caixas de leite e plásticos em geral.

 

Em Fortaleza, por exemplo, a Prefeitura criou em agosto do ano passado o programa E-Carroceiro, que visa uma maior integração entre os catadores e os ecopontos, iniciativa criada pela gestão pública para uma maior acessibilidade de cidadãos comuns à reciclagem.

 

Além de remunerar os carroceiros com créditos no Banco Palmas - primeiro Banco Comunitário de Desenvolvimento (BCD) do Brasil - a entrega e pesagem de materiais recicláveis pode resultar em descontos na conta de energia ou em créditos para o Bilhete Único, cartão eletrônico usado para acessar ônibus da capital cearense.

 

De acordo com Albert Gradvohl, titular da Coordenadoria Especial de Limpeza Urbana e Resíduos Sólidos de Fortaleza, a implementação desses pontos tem contribuído para o aumento da taxa de reciclagem e para que os moradores não despejem lixo em locais inadequados.

Preocupação em família

 

A sustentabilidade ganha prática, também, no interior do Ceará, e nem tão distante da capital. Em Aracati, a 170 quilômetros de Fortaleza, o casal Fábio e Ana Flecha criaram a Eco Aldeia Flecha da Mata. Inspirados pelo período que moraram nos Estados Unidos, os gaúchos decidiram trazer a cultura de sustentabilidade aprendida no exterior para o Brasil. “Quando a gente morava fora, a gente começou a ter vontade de se aproximar da natureza, e, como aqui é mata fechada e tem uma lagoa que poderíamos usar, achamos que seria o local ideal”, afirma Fábio.

 

A organização, fundada em 2011, preza pela correta destinação e reciclagem de todo o lixo produzido. Lá, resíduos orgânicos, como cascas de frutas - não cítricas - e restos de outros alimentos, são jogados na mata para virar adubo; laranjas e limões são misturados ao vinagre para formar desinfetantes; garrafas de vidro retornáveis viram copos; e resíduos sólidos são acumulados em garrafas-pet para serem utilizados como tijolos, formando as “bioconstruções”, espaços construídos com areia do próprio terreno, argila da lagoa que banha o local, taipa e madeira de reflorestamento, além dos tijolos já mencionados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fábio comenta, porém, que estabelecer um padrão de vida sustentável não é tarefa das mais simples. A aldeia conta com painéis e células próprias para energia solar, horta orgânica e material suficiente para destinação eficiente de lixo, mas esbarra em um fator: a mão de obra. “Nós não temos um time fixo. Trabalhamos com voluntários que não estão aqui sempre, e o espaço é muito grande. A dificuldade acontece porque precisamos de mais gente”, explica Fábio.

 

A pouca ajuda se soma a falta de conveniência e ao custo de tentar ser “100% sustentável”. Ecologia ainda não é uma alternativa prática. “Cimento tem que ter. Apesar de ser muito degradante a natureza, às vezes não tem saída. Com a comida não é diferente, o solo daqui é muito seco e, para a horta funcionar nessas condições, o preço é muito caro. Para manter os voluntários aqui, compramos produtos de higiene, que vêm em embalagens plásticas. Nós produzimos sabão aqui, mas não é o suficiente pelo pouco material, sai mais barato comprar”, completa o gaúcho.

 

A manutenção do espaço pode ter seus entraves, mas e o pontapé inicial, quando a aldeia foi construída? Queixas contra a legislação entram no esquecimento para Fábio pelo fato dele e da esposa não terem ido atrás de órgãos públicos no ato de construção do local. “A gente não procurou licenças, nem nada do tipo, apenas foi construindo. Se tivéssemos ido atrás disso, provavelmente alguns outros problemas teriam aparecido para a manutenção da aldeia”, explica.

 

O fundador e co-proprietário afirma, contudo, que mesmo não tendo ido a autoridades oficiais para a construção do local, a Eco Aldeia Flecha da Mata possui, atualmente, licença de funcionamento concedida pela Prefeitura de Aracati.

Fotos: divulgação/Eco Aldeia Flecha da Mata

Regulamentação

 

A respeito do não cumprimento das normas estabelecidas para a separação do lixo ou o despejo em local inadequado, Steffanuti é bem claro: “tem que multar”. O especialista explica que como essa é uma mudança de hábito com caráter a longo prazo, que não reverbera imediatamente no dia a dia das pessoas, a coerção é legítima.

 

“Só pelo fato de existir a multa, o cidadão fica pensando, porque fica no imaginário dele que tomar uma multa não é saudável. Isso funciona com o trânsito, por exemplo. Só pela presença de um radar de velocidade e o receio de cometer a infração, as pessoas passam a andar mais devagar. A população muitas vezes não teve um protocolo inicial que faça com que ela aja corretamente. Então, é importante que tenhamos um sistema de multas”, argumenta o professor.

CONSUMO

Lixo que não cabe mais

Apesar da alta quantidade de resíduos, produção de lixo em Fortaleza tem destinação única e reciclagem ainda incipiente

Arthur Calado, Leonardo Maia

7 horas da noite. Esse é o horário que muitas pessoas chegam do trabalho em suas casas. Exaustas, com fome, sem vontade de mover uma articulação. Por consequência, esse também é o horário que incontáveis entregadores estão atentos em seus aplicativos a procura de clientes.

 

Ainda que seja uma ação corriqueira e sem muita importância aos nossos olhos, é uma deixa para a produção de ainda mais lixo em um grande centro urbano. Quentinhas de isopor, latinhas de metal, guardanapos, canudinhos e sacolas de plástico rodam a cidade, sem muita certeza de onde vão parar após o consumo despreocupado daqueles que as recebem na porta de casa.

 

O destino do lixo começa, inevitavelmente, na forma como ele é produzido. Em Fortaleza, 1.8 mil toneladas de lixo são descartadas diariamente, de acordo com a Coordenação de Limpeza Urbana da Capital. Desse total, cerca de 36% do lixo é reciclado e o restante é encaminhado para o Aterro Municipal de Caucaia (Asmoc).

 

O material produzido pode ser dividido em três categorias em linhas gerais: reciclável, misto ou orgânico. Considerando apenas a primeira opção, a capital cearense recicla 7.79% do total produzido, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP). Esse número é equivalente a cerca de 51 toneladas que passam por processos de reciclagem diariamente.

 

Para Albert Gradvohl, titular da Coordenadoria Especial de Limpeza Urbana e Resíduos Sólidos, essa é uma taxa aceitável quando comparada a outras cidades do Brasil. De acordo com dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), considerando o lixo produzido em todo o território nacional, esse índice cai para 1%. Gradvohl afirma que a evolução de Fortaleza aconteceu após algumas medidas tomadas, como a implantação dos ecopontos.

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